Economia cresce 1,9% e leva previsões no ano para a casa de 2% a 2,5%

A economia brasileira cresceu com força no primeiro trimestre, avançando 1,9% em relação ao trimestre anterior, o equivalente a quase 8% em termos anualizados, impulsionada pela alta excepcional da agropecuária, de 21,6%. Com esse resultado, a expansão do PIB superou o consenso do Valor Data, de 1,3%, e levou a uma onda de revisões para o crescimento deste ano, que poderá ficar em torno de 2% a 2,5%. Pelo lado da oferta, os serviços subiram 0,6%, enquanto a indústria recuou 0,1%. Já a demanda interna teve um desempenho fraco, especialmente o investimento, com queda de 3,4%. O consumo das famílias subiu 0,2%, apesar da força do mercado de trabalho e das elevadas transferências de renda.

A forte expansão da economia no primeiro trimestre deixou uma herança estatística para o ano de 2,4%. Isso quer dizer que, se o PIB não crescer nada em relação ao período de janeiro a março, o avanço em 2023 será de 2,4%. Nas contas da LCA Consultores, a agropecuária contribuiu com 1,5 ponto percentual da alta do PIB de 1,9%. A expectativa para o resto do ano é de desaceleração da atividade, num cenário em que a agropecuária não deverá repetir o mesmo desempenho do começo do ano, podendo cair de abril a junho. Além disso, os juros elevados têm impacto sobre a economia, ao encarecer o crédito. Na direção contrária, o mercado de trabalho e o dinheiro de programas como o Bolsa Família e da antecipação do 13º para aposentados darão alguma sustentação à atividade.

Com alta de 21,6%, agro puxa avanço expressivo do PIB no 1º tri

Ritmo forte do PIB esconde fraqueza da demanda doméstica

Resultado puxa onda de revisões

Com otimismo em alta, agropecuária revê projeções

“Foi um PIB bom, gerando uma expectativa favorável para o ano, mas sem sinais de pressão adicional de demanda”, disse o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, ao destacar que a evolução do consumo das famílias e dos investimentos não tem sido de aceleração. “É uma composição de PIB que não deve gerar muita preocupação para o BC”, afirmou ele.

O desempenho do investimento, porém, causa alguma preocupação. Houve tombo de 3,4%, a segunda queda trimestral na comparação com os três meses anteriores. Sem investir mais, o país não conseguirá crescer a taxas mais elevadas. “A agropecuária ajudou a segurar o crescimento do PIB no primeiro trimestre. E sua influência vai muito além do crescimento de dois dígitos do setor, tem efeitos na agroindústria, no transporte, em logística”, afirmou Silvia Matos, do FGV Ibre. “Mas a gente precisa de outro perfil para ter um crescimento mais sustentado e de que todos se beneficiem.”

No primeiro trimestre, a demanda doméstica final teve desempenho fraco, recuando 0,5% em relação ao trimestre anterior, nos cálculos do Goldman Sachs. O indicador reúne o investimento, o consumo das famílias e o consumo do governo, excluindo a variação de estoques.

Fonte:https://valor.globo.com/impresso/noticia/2023/06/02/pib-do-1o-tri-surpreende-com-impulso-do-agro-demanda-interna-avanca-pouco.ghtml