País enfrenta desafios no mercado de trabalho, demanda doméstica fraca e uma forte crise no setor imobiliário
A China, segunda maior economia do mundo, vive uma situação de desconfiança no mercado global depois que divulgou suas metas para o Produto Interno Bruno (PIB) de 2024. O governo chinês anunciou, no início deste mês, que pretende alcançar um crescimento econômico de cerca de 5% neste ano – patamar similar ao PIB do ano passado.
Para este ano, no entanto, a meta é vista por economistas e analistas do mercado consultados pelo Terra como ousada, já que o País enfrenta desafios no mercado de trabalho com taxa de desemprego elevada entre os jovens, permanece com uma demanda doméstica fraca desde a pandemia e continua com uma forte crise no setor imobiliário.
“Parece haver um consenso que essa meta elevada pode ser mais difícil de ser alcançada este ano”, comentou o economista e analista de mercado da Ebury, Eduardo Moutinho. “A China pode atingir 5% de crescimento, mas será necessário mais estímulo. É uma meta desafiadora”, disse André Senna Duarte, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Sobre a questão imobiliária, Moutinho aponta que a confiança dos investidores no setor tem sido frágil desde que o governo chinês lançou uma repressão ao endividamento excessivo das incorporadoras imobiliárias em 2020, e os problemas subsequentes enfrentados pelo Evergrande Group em 2021 e pela Country Garden no ano passado.
Duarte, por sua vez, diz que houve excesso de construção de moradias nos últimos anos. Este excesso de oferta gerou a queda no valor dos imóveis que constitui a principal classe de ativo para as famílias chinesas. Segundo ele, “esta crise do setor de construção residencial prossegue sem haver sinais de melhoras”.
A economia chinesa está desacelerando?
Apesar do cenário descrito acima, a empresa de pesquisa econômica Capital Economics avalia que os dados de produção industrial e de vendas no varejo da China sugerem que a economia do país não está desacelerando. Pelo contrário, segue melhorando, em um movimento que deverá se estender pelos próximos meses.
A consultoria ressalta, entretanto, que alcançar a meta do governo de “cerca de 5%” de crescimento econômico em 2024 “ainda parece um desafio”.
Impacto no Brasil
O impacto da China para o Brasil vem diretamente pelo canal de commodities. No caso da crise imobiliária, o Brasil deve ter uma baixa no minério de ferro que tende a sofrer em um ambiente de baixo nível de construção residencial. No entanto, as exportações continuam sendo o principal motor da expansão econômica do Brasil.
Em 2023, o superávit comercial do Brasil atingiu um recorde de US$ 98 bilhões, ou 4,5% do PIB, acima dos 3,2% do ano anterior. Essa tendência resultou em uma melhora significativa nos termos de troca do Brasil, que ultrapassou as médias de longo prazo, principalmente devido a um aumento robusto de 16,5% nas exportações para a China.
Fonte:https://www.terra.com.br/economia/economia-chinesa-esta-desacelerando-entenda-e-saiba-como-isso-pode-impactar-no-brasil,53500f3f46101a81776cf3e4d39579bdobmfp6pk.html