Expectativa do mercado é de que ocorra a primeira pausa no ciclo de aperto nos EUA, iniciado em abril de 2022

Os mercados globais esperam pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) nesta tarde de quarta-feira, às 15h, com uma visão quase unânime de que haverá manutenção da faixa entre 5% e 5,25% ao ano da taxa de juros de referência americana. Será a primeira pausa num ciclo rápido de aperto que começou em abril de 2022 no piso histórico em 0,25% até a máxima atual desde junho de 2006.

De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, há mais de 91% de chance de que o Fed mantenha sua taxa de juros de referência inalterada. Enquanto isso, a probabilidade de que o banco opte por aumentar os juros em 0,25 ponto percentual é inferior a 10%. “[Esperamos] que o FOMC faça uma pausa em sua reunião de junho na próxima semana antes de considerar outro aumento de taxa”, disse o Goldman Sachs em uma nota.

A consolidação das apostas em pausa do Fed veio ontem, depois que dados mostraram que a pressão sobre a inflação na maior economia do mundo esfriou mais do que o esperado em maio. Em 4,0% na base anual, o índice de preços ao consumidor ficou em seu nível mais baixo desde o início de 2021, completando queda por 11 meses consecutivos.

Mas o número ainda está bem acima da meta declarada do Fed, de 2%, e o mercado de trabalho está mostrando sinais de força, sugerindo que, embora as autoridades do Fed possam optar por interromper os aumentos das taxas, mas aderir a um discurso “hawkish”, sinalizando que o movimento é apenas temporário. Às 15h30, o chairman do Fed concede entrevista coletiva, que será observada com lupa pelos investidores.

Também importante será a publicação do Sumário de Projeções Econômicas (SEP), do Fomc. Em suas projeções anteriores em março, o Fed estimou que sua taxa de referência atingiria o pico atual de 5% a 5,25%. Mas há casas, com o Goldman Sachs, que esperam que o banco central americano eleve sua perspectiva para a faixa de 5,25% a 5,5% e um aumento no crescimento econômico, bem como na taxa de desemprego e no núcleo da inflação.

Esse ambiente fez os índices de ações de Wall Street atingirem novas máximas em 14 meses na terça-feira.

A notícia de corte de juro pela China e especulações de que Pequim anunciará estímulos ao setor imobiliário sustentaram a alta das commodities, deram força às moedas de países produtores e impediram o real de cair.

A pesquisa Focus também foi observada com atenção. Analistas dizem as projeções para o IPCA de 2025 (hoje em 3,9%) e de 2026 (3,88%) podem cair até 3,5% nas próximas edições da Focus. Também a mediana para 2023 (5,42%) tem potencial para novos ajustes em queda. Explica o movimento a perspectiva de queda fortes da inflação nos próximos meses, ou até mesmo deflação, com a queda de combustíveis. Operadores especulam que o Copom pode dar algum sinal na semana que vem de um corte para agosto.
Na Bolsa, a leve queda de terça-feira num movimento técnico não tirou o brilho do rali dos últimos dias. No fechamento, o índice à vista caiu 0,51%, abaixo dos 117 mil pontos (116.742,71).

Após o resultado em linha do CPI de maio, sai hoje a inflação ao produtor nos EUA (9h30). O dado não deve mexer com as apostas em uma pausa no aperto dos juros. Ainda na agenda externa, a expectativa por indicadores da China, no final da noite, pode determinar cautela às commodities, que se recuperaram nesta 3ªF após os novos estímulos anunciados para impulsionar a economia. No Brasil, os dados do varejo em abril (9h) são os destaques do dia.

Fonte:https://valor.globo.com/financas/noticia/2023/06/14/manha-no-mercado-todos-os-olhos-no-fed.ghtml