Um compromisso internacional mais forte, segundo o relatório, é necessário com urgência

(Foto: REUTERS/Carlo Allegri)

A economia global deve crescer 1,9% em 2023, segundo relatório do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU publicado nesta quarta-feira. A nova projeção representa uma queda de 1,1 ponto percentual em relação à previsão feita no meio do ano passado, refletindo os impactos da alta inflação provocada pela guerra na Ucrânia, alta dos preços de energia e os impactos da pandemia.

Segundo a pesquisa, caso se confirme a previsão, o crescimento da economia mundial em 2023 será o “menor em décadas”, colocando diversos países a beira de uma recessão. A perspectiva é que o crescimento melhore apenas em 2024, quando o departamento da ONU prevê uma alta de 2,7% da economia global.

“A Inflação persistentemente alta, que teve uma média de cerca de 9% em 2022, levou a um aperto monetário agressivo em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento. As rápidas altas nas taxas de juro, particularmente pelos Estados Unidos, tiveram efeitos de propagação global”, disse o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU no relatório.

A redução na previsão do crescimento segue tendência vista em relatórios recentes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), após indicadores terem mostrado os impactos duradouros da guerra da Ucrânia e da crise de energia.

Em relatório publicado no início de janeiro, o FMI reduziu de 2,9% para 2,7% a previsão de crescimento global, apesar da diretora-gerente da entidade, Kristalina Georgieva, ter dito que “não esperar por uma recessão” em 2023.

O Banco Mundial foi mais agressivo na redução das expectativas ao atualizar a previsão de crescimento de 3% para 1,7%.

Projeção por região

Segundo o relatório da ONU, este ano “o ímpeto de crescimento enfraqueceu nos Estados Unidos, na União Europeia (UE) e em outras economias desenvolvidas, afetando adversamente o restante da economia mundial”.

Diante deste cenário, o relatório prevê que nos Estados Unidos, o PIB deverá crescer apenas 0,4% em 2023, após um crescimento estimado de 1,8% em 2022.

Já na UE o cenário é pior, já que muitos países europeus devem experimentar “uma recessão leve” com o segundo ano da guerra na Ucrânia afetando os preços de energia e afetando a inflação local.

As economias dos 27 países da UE devem crescer apenas 0,2% em 2023, abaixo dos 3,3% estimados em 2022 pela ONU. No Reino Unido, que deixou o bloco europeu há três anos, o PIB deverá cair 0,8% em 2023, dando continuidade a uma recessão iniciada no segundo semestre de 2022.

Na China, a notícia positiva para a economia é o fim das políticas de “covid zero”, que devem fazer com que o país retome de maneira plena a atividade econômica pela primeira vez desde o início da pandemia.

A previsão da ONU é que a economia chinesa cresça 4,8% neste ano após registrar alta de 3% em 2022. Apesar de uma previsão acima da média global, o relatório faz a ressalva de que a abertura da economia pode não ser linear ou constante.

Na América Latina e no Caribe, a ONU disse que as perspectivas para a região “permanecem desafiadoras”, e elenca questões como mercado de trabalho, inflação persistentemente alta como os principais fatores de preocupação.

O relatório prevê que o crescimento regional diminuirá para apenas 1,4% em 2023, uma queda de 1,4 ponto percentual em relação à previsão feita na metade do ano passado.

“As maiores economias da região – Argentina, Brasil e México – devem crescer a taxas muito baixas devido ao aperto das condições financeiras, enfraquecimento das exportações e vulnerabilidades domésticas”, disse a ONU.

Para o Brasil, a ONU estima um crescimento de 0,9% em 2023, uma queda de 1,3 ponto percentual em relação à previsão anterior.

“O crescimento no Brasil deve desacelerar acentuadamente dado aperto monetário, consolidação fiscal e crescimento mais lento das exportações”, segundo a ONU.

Fonte: Valor Investe